Quem somos nós

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A perfeita combinação entre doçura e acidez, loucura e lucidez...

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Por quê, pra quê?


O ciclo da vida, a qual todos nós estamos submetidos. De onde as coisas vem é pra onde vão. Nasce, cresce, reproduz-se e morre. E seus filhos, nascem, crescem, reproduzem-se e morrem. Assim por diante, infinitamente... Ou até quando as condições lhe permitirem. E nós, seres humanos, conscientes e pensantes, estamos também condenados a essa lógica cíclica e infinita. E pior: nós sabemos disso.
Pois bem, do que é feita a vida humana? Nascer, crescer, estudar, trabalhar, casar-se, ter filhos, envelhecer, descansar e morrer. Parece semelhante ao ciclo da vida de todos os outros seres vivos, que - ao contrário de nós - obedecem às condições naturais pelas quais surgiram e deixarão de surgir. Os humanos vivem tentando fugir a essa regra. Os humanos dizem-se possuidores de tamanha capacidade de refletir e produzir suas próprias condições de sobrevivência, podendo planejar seu próprio futuro, e garantir a sua sobrevivência com inúmeros artifícios e atitudes preventivas contra o terrível mal da morte. No entanto, de que são formados os dias desses tão evoluídos seres? Acordam, comem, estudam, descansam e dormem. Acordam novamente, comem, trabalham, descansam e dormem. Acordam mais uma vez, comem, casam-se, descansam e dormem. E assim até o dia em que dormem pra não acordar mais.
Apesar de tudo, ainda somos os mesmos animais que só sabem nascer, crescer, reproduzir-se e morrer. O caminho tornou-se mais longo e suavizado pela inúmeras distrações e ilusões de que não estamos condenados a apenas sobreviver. Porém outros continuarão o ciclo que outros, há muitos anos atrás, começaram sem saber como e nem por quê. Pergunta intrigante: por quê? Por que estudamos, trabalhamos, comemos, nos cuidamos, dormimos, bebemos, nos divertimos, namoramos, nos comunicamos? Por que vivemos nessa ilusão de que tudo isso irá afastar de nós essa condição mortal da vida, da qual nunca fugiremos? Talvez não saibamos fazer de outro modo. Então de que nos servem a consciência de nossos atos, a capacidade reflexiva que dizemos ser características exclusivamente humanas? Preferia morrer na ignorância de que tudo o que fazemos aqui tem o intuito único de nos fazer esquecer para quê, realmente, aqui estamos.

(M. C. Escher devia pensar bastante nisso...)